A noite da última quinta-feira, 18, já entrou para a história de Sergipe. Como parte da programação do ‘Ano da França no Brasil’, o estado foi o único da região Nordeste a receber a emocionante apresentação do pianista e maestro francês Michel Legrand em sua curta temporada pelo país. Um dos maiores compositores do mundo, Legrand se apresentou com a Orquestra Sinfônica de Sergipe (ORSSE) no Teatro Tobias Barreto, em Aracaju.O público que lotou o espaço pôde conferir de perto todo o brilhantismo que fez de Legrand o vencedor de três estatuetas do Oscar e do Grammy. Entre as autoridades presentes estava o governador Marcelo Déda, que destacou a importância da apresentação para Sergipe. "Por si só, a presença de Legrand em Aracaju já seria motivo de grande alegria para aqueles que admiram a sua música. Mas quando isso acontece no contexto das comemorações do 'Ano da França no Brasil' adquire um significado especial, pois revela a grande afinidade da cultura brasileira com a francesa e o débito que nós temos pela influência francesa na formação da nossa cultura", avaliou.Ainda segundo o governador, o que mais chamou a atenção de quem compareceu ao teatro foi a qualidade do desempenho da ORSSE. "Hoje nós temos, sem dúvida alguma e sem bairrismo, uma das melhores orquestras sinfônicas do Brasil. Se você considerar que o repertório apresentado esta noite não faz parte do repertório tradicional da nossa orquestra e que as peças executadas foram ensaiadas com a presença do maestro Legrand nos últimos dias, você vê a qualidade técnica da ORSSE, a extrema competência da sua direção artística e a extraordinária performance do maestro", afirmou.Déda disse também que a apresentação serviu para reafirmar o talento sergipano, por meio do trabalho que tem sido desenvolvido pela orquestra. "Cada vez mais é nosso dever colocar a nossa orquestra no circuito nacional, porque ela tem o que mostrar. E o que ela mostra é um dos lados mais positivos da vida cultural sergipana", completou o governador.
Ora ao piano, ora à frente da ORSSE, o francês ofereceu um panorama de sua criação musical, que vai do jazz até a música clássica, com grande destaque para as composições de trilhas sonoras para cinema e musicais. A apresentação teve a participação especial de sua esposa, a harpista Catherine Michel, e da cantora convidada, a brasileira Patty Ascher. Legrand compartilhou a regência com o diretor artístico e regente titular da orquestra, Guilherme Mannis.O concerto foi realizado pela Secretaria de Estado da Cultura (SEC), em parceria com a agência ‘A eventos culturais’ e patrocínio do BaneseCard e do Instituto Banese, que está patrocinando toda a temporada regular de concertos da Orquestra Sinfônica de Sergipe este ano.Para a secretária de Estado da Cultura, Eloísa Galdino, a apresentação da ORSSE consolida o investimento que tem sido feito pelo Governo na orquestra, sobretudo depois da bem-sucedida turnê nacional. "São nomes reconhecidos internacionalmente e que vêm interagir com a nossa orquestra, o que mostra mais uma vez a qualidade do trabalho e da música produzida pela ORSSE", pontuou."Estou muito feliz em vir ao Brasil e é um grande prazer tocar com músicos tão jovens", comentou Michel Legrand, logo no início do concerto. Nas mais de duas horas que se sucederam, ele desenvolveu um repertório com canções como 'How do you keep the music playing?', em dueto com Patty Ascher, e também clássicos do cinema mundial, como 'Summer knows'. "A apresentação foi intensa e apaixonante", apontou o francês, no final da memorável apresentação.JuventudeA pouca idade dos músicos da ORSSE chamou a atenção de Catherine Michel, considerada uma das melhores harpistas do mundo. "Estamos maravilhados e muito felizes, porque acho que esta é uma das primeiras vezes em que trabalhamos com uma orquestra tão jovem. O que eu amei foi ver o entusiasmo deles e a vontade de aprender e fazer o melhor, e você não imagina o quão maravilhoso é trabalhar com pessoas assim", destacou.O comentário vem de uma profissional que, aos 15 anos, ganhou o primeiro prêmio no Conservatório de Paris e o prestigioso prêmio internacional de Festival de Harpas. "Eu sempre achei que as orquestras jovens são, geralmente, muito melhores do que as outras. Eu sei o que estou dizendo porque trabalhei 40 anos nas duas melhores orquestras de Paris, a Orquestra Nacional da Rádio Francesa, e a da Ópera de Paris, onde passei 25 anos", concluiu Catherine, que atualmente lidera o Departamento de Harpa da Universidade de Zurique, na Suíça, e ministra masterclasses por todo o mundo.A cantora Patty Ascher também se disse muito feliz em ver a garra dos músicos da ORSSE. "Sentimos um frescor nessa orquestra que nem sempre sentimos nas demais. São componentes jovens e muito motivados, então, apesar da carreira curta que eles têm, percebemos uma enorme vontade de fazer música e aprender, e isso compensa toda a experiência que eles ainda não acumularam. Como brasileira, fico muito contente em ver que uma sinfônica do nosso país tem nível para acompanhar um dos maiores maestros do mundo", afirmou.O empenho dos jovens integrantes da ORSSE agradou o regente-titular Guilherme Mannis, que ressaltou o trabalho do Governo do Estado no sentido de estruturar o grupo sinfônico. "A apresentação foi brilhante. Esta orquestra me surpreende a cada dia. São jovens que têm um alto grau de profissionalismo, algo que é muito bonito na nossa ORSSE e que queremos engrandecer cada vez mais. Com esses músicos e convidados que estamos trazendo, é evidente a melhora no desempenho deles a cada concerto",contou.
Ingressos gratuitos, casa lotada. Os sergipanos não deixaram passar a oportunidade de assistir a apresentação de um dos maiores artistas franceses ao lado da sua Orquestra Sinfônica e seu regente titular Guilherme Mannis. Foi o caso da artista plástica Hortência Barreto, que se declarou fã incondicional de Legrand. "Adoro trilha sonora de cinema e tenho vários discos dele. Eu jamais pensei que poderia ouvi-lo pessoalmente. Ele é um gênio, as músicas dele são sublimes. A orquestra acompanhou muito bem e foi tudo lindo", disse.O empresário e defensor das manifestações culturais Marcelo Figueiredo afirmou a importância de o Governo do Estado continuar investindo na orquestra. "Esta apresentação representou um salto para a ORSSE, porque alguém vir da França, que é o berço cultural do mundo, para reger a nossa sinfônica, é sinal de que a orquestra, diante de todos os trabalhos que têm sido feitos, alcançou o lugar que deveria estar", considerou.Já o professor Edmilson Prata ressaltou que a ORSSE agora está no seu devido lugar. "Nós não deixamos a desejar a nenhuma orquestra brasileira. Hoje foi uma ocasião memorável. Legrand é um artista de mão cheia, que simboliza o poder da música. E o apoio do Governo é fundamental para resgatar o valor da música clássica em nossa sociedade, que tem um público cativo", comentou.Vocalista da banda sergipana Alapada, Naná Escalabre apontou a apresentação como magnífica. "É bom ver como a orquestra sinfônica está muito bem estruturada, tocando com uma atração internacional. A ORSSE está em sua melhor fase e para mim, enquanto músico e cidadão sergipano, me enche de orgulho ver esse concerto magnífico e só nos resta parabenizar a orquestra", finalizou.
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